O futebol de mesa, também conhecido como "futebol de botão", é muito mais do que um simples passatempo. Ele representa uma forma acessível e democrática de lazer que promove a integração entre pessoas de diferentes idades, profissões, níveis culturais e escolares. Sua simplicidade nas regras e a facilidade de entendimento o tornam o jogo ideal para ser praticado em escolas, clubes, centros comunitários e até em ambientes de trabalho, criando momentos de descontração e convivência.
Uma das principais qualidades do futebol de mesa é sua capacidade de reunir gerações distintas em torno de uma atividade comum. Crianças, jovens, adultos e idosos podem jogar juntos, sem que a idade seja um fator limitante. Isso possibilita trocas valiosas de experiências e aprendizados entre as gerações, fortalecendo os laços familiares e comunitários. O jogo se transforma, assim, em uma ponte que conecta diferentes fases da vida.
Além disso, o futebol de mesa derruba barreiras sociais. Pessoas de distintas profissões – médicos, pedreiros, professores, motoristas, e até desempregados – encontram no jogo um terreno de igualdade, onde o que importa é a habilidade, a concentração e o espírito esportivo.
A ausência de exigência física intensa também contribui para essa inclusão, permitindo que qualquer pessoa, independentemente de sua condição física ou ocupação, possa participar e se divertir.
Do ponto de vista cultural e educacional, o futebol de mesa também tem um papel significativo. Ele estimula o raciocínio lógico, a coordenação motora, o respeito às regras e ao adversário, sendo uma ferramenta valiosa no processo de ensino-aprendizagem, especialmente entre crianças e adolescentes. Ao mesmo tempo, o jogo oferece momentos de leveza e diversão para adultos em ambientes estressantes, contribuindo para a saúde mental e o bem-estar geral.
Em suma, o futebol de mesa é uma atividade que transcende o jogo em si. Ele representa um espaço de convivência, respeito mútuo e aprendizado coletivo. Sua importância vai muito além do entretenimento: trata-se de uma prática social capaz de aproximar pessoas de todas as origens e contextos, promovendo inclusão, diálogo e amizade através de uma paixão compartilhada pelo esporte.
Texto originalmente publicado no antigo FutebolDeMesaNews, site referência para o Futebol de Mesa na primeira década do atual século. Transcrito na íntegra.
“Obrigado, Celso Renato!”
Por Jaime Gomes Martins Filho, Analista de Sistemas, torcedor do Grêmio e Botonista.
Após trocar algumas idéias com os mantenedores deste site, recebi o honroso convite para escrever um texto visando analisar a viabilidade de vir a me tornar colunista deste veículo, referencial no mundo do Futebol de Mesa. Refeito da surpresa inicial do convite, deparei-me com uma tremenda dúvida:
O que escrever nesta que poderá vir a ser minha primeira coluna?
Após muito pensar e analisar, concluí que nada mais natural e inspirador que escrever sobre a minha volta à prática do futebol de mesa, e a motivação que me fez, depois de 33 anos de inatividade, voltar a empunhar uma palheta.
Espero que com estas linhas, outros também se motivem a voltar, ou talvez a iniciar, a praticar este esporte que, além de ser um maravilhoso anti-stress, permite o congraçamento e convivência com os amigos, essencial para a qualidade de vida. Tanto uma quanto a outra motivação são a essência da prática deste esporte.
Pois no início deste ano de 2006, após sofrer rompimento do Tendão de Aquiles da minha perna direita, interrompi um longo período de prática do futebol. Praticava este esporte já há muitos anos, normalmente restrito ao grupo de colegas de trabalho. Não era um Ronaldinho, mas também estava longe de ser um “perna de pau”. Enfim, este esporte me permitia um encontro com os amigos, uma cervejinha no depois, e não raras vezes, um churrasquinho. Aquele tipo de programa que nossas esposas, namoradas e companheiras jamais irão entender. “Como pode eles brigarem e discutirem dentro de campo e depois do jogo irem para o bar beber, contar piadas e se divertir juntos?”, costumam se questionar.
Impossibilitado de jogar futebol, e sabendo que alguns amigos já vinham praticando o futebol de mesa, resolvi tirar o pó dos meus antigos botões, e colocá-los em mesa novamente.
Meu retorno aos jogos se deu já diretamente em um campeonato da Liga que recém havia sido fundada por estes amigos. Muito lentamente, até porque as regras atuais diferem bastante das que eu praticava nos já longínquos anos 70, lá pelas bandas do Rosário do Sul, fronteira brasileira com o Uruguai.
Pois por lá disputávamos campeonatos na casa do Bebeti, hoje médico famoso na Argentina, ou na casa do Beto, que nunca mais ouvi falar por onde anda. Lembro bem do Mundial de 70. Para cada um dos 16 inscritos era sorteado um país que havia disputado a Copa de 70, utilizando as mesmas regras quanto aos grupos de classificação, oitavas, quartas, semifinais e finais. Lembro do campeão, Itália, do meu saudoso amigo Macaco, ainda hoje morador no Rosário, onde cuida das fazendas da família. Meu time, Tchecoslováquia, foi desclassificado nas quartas de final pelo Peru do Giba, irmão do Bebeti, em partida sensacional só decidida nos últimos minutos.
Pois todas estas boas lembranças me vieram à cabeça quando fui convidado a participar da então recém fundada LIFUMAE (Liga de Futebol de Mesa Amigos da Eça), já para participar de um campeonato que se iniciaria em 3 dias. Topei a parada e reestruturei meu antigo Botafogo como Associação Rosário de Futebol. Meu sócio César Vidal conseguiu os escudos no Bazar Mimo, cera líquida, parafina e uma flanela nova completaram a preparação, e lá estava eu pronto para o embate. Iniciei meio matreiro, receoso das regras, bolinha, goleiras, etc, tão diferentes das que eu me lembrava dos meus idos de adolescente. A primeira partida se arrastou no 0 X 0 até o apito final do juiz, quando eu ainda tinha direito a um chute com possibilidades de gol. Minha ficha tremia, dei o chute, e qual não foi minha surpresa, a bolinha encontrou o filó frouxo do fundo do gol, 1 X 0 no apagar das luzes. Este resultado me animou. A segunda partida parecia mais fácil, virou o primeiro tempo com 2 X 0 para o meu time. No segundo tempo 2 descuidos foram fatais, empate em 2 X 2. A terceira e quarta partidas venci com certa facilidade e me classifiquei para as semifinais. Aí, sim, me surpreendi quando venci por 1 X 0, escore apertadíssimo, um dos melhores times do campeonato, passando à final, onde enfrentaria o campeão do campeonato anterior. Jogo duro. Num lance de pura sorte consegui fazer 1 X 0 ao final do primeiro tempo. Meu adversário ficou nervoso no segundo tempo, facilitando o complemento do placar em 2 X 0. Puxa vida, que surpresa, eu havia ganhado o campeonato. Depois de 33 anos de inatividade. Foi sensacional. Me estimulou a continuar a praticar o futebol de mesa.
Atualmente estou jogando no Grêmio Náutico União, um dos maiores clubes aqui de Porto Alegre, onde foi fundada a Confraria União pelo Futebol de Mesa por iniciativa da LIFUMAE.
Lá temos mesas para a prática do Futebol de Mesa nas Regras Gaúcha e Brasileira, além de mesas para a gurizada iniciar a prática deste esporte.
Estamos treinando bastante para logo participarmos da Federação Gaúcha e dos campeonatos que ela organiza.
Para encerrar, gostaria de dizer a quem ainda não pratica, que este esporte é um esporte sensacional, democrático, saudável, instrutivo, permite o convívio entre amigos, não discrimina idade, e é um belo relax para arejar a cabeça do stress do dia-a-dia.
Também não poderia encerrar este meu primeiro texto sem o meu sincero agradecimento ao amigo Celso Renato, Coordenador da prática deste esporte no Grêmio Náutico União e um dos fundadores da LIFUMAE, pelo incentivo nesta volta.
Obrigado, Celso Renato!
Porto Alegre, 16 de junho de 2006.
Jaime.martins@marca.com.br
Já dizia Milton Nascimento naquela bela canção:
“Amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração”.
Ou em outra passagem na mesma canção:
“Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito”.
Pois é, poeta e músicas à parte, como é importante se ter amigos! Sem eles perde um pouco o sentido da vida.
Também temos de nos cuidar muito, pois existem os amigos certos e os amigos incertos. Perdoem-me o trocadilho, mas os amigos certos são os que temos por perto também nas horas incertas. E os incertos, somente nas horas certas.
Muitas vezes confundimos amizade com conhecimento, temos muitos conhecidos, porém poucos, muito poucos, amigos, daqueles que mereçam aquela referência inicial do poeta.
Temos de ter amigos. Tenho amigos. A alguns deles, muitos deles, não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Provavelmente eles não iriam acreditar. Mas também há os que procuro, e destes partilho horas de convívio prazerosos.
Porque estou fazendo esta reflexão? Primeiro porque sempre é bom lembrar dos amigos, e esta é uma oportunidade, e segundo, qual a graça em praticar o Futebol de Mesa se não na companhia de amigos, né mesmo?